Yoko Ono (1933-)
Yoko Ono nasceu no ano de 1933 na cidade de Tóquio,
Japão – país em que passou parte da infância juntamente
com os Estados Unidos (seu pai assumiu a direção de um banco no
estado de San Francisco). Já na infância Ono principiou a estudar
piano, composição e até canto lírico, frequentando renomadas
instituições como a Jiyu-gakuen Music School, no Japão.
Entretanto, no final dos anos 50 e começo dos anos 60, ao
ingressar na prestigiada Sarah Lawrence College, em Nova Iorque,
Ono estabeleceu o primeiro contato com a arte de performance e com
as tendências da vanguarda artística em geral. Ao longo dos anos 60,
após desvincular-se de sua família aristocrática, Yoko Ono
despontou como artista conceitual e performativa, compositora, cantora
e cineasta. Celebrando um experimentalismo marcante em todos
os seus diversos trabalhos, a artista ainda se uniu a grupos como
Fluxus, movimento criado por George Maciunas e norteado tanto por
provocativas contestações à arte canônica quanto por atividades
que exigiam uma efetiva interação com o público, a ponto de
elegê-lo como peça fundamental para a concretização da obra.
O movimento também prezava por uma intertextualidade
entre as diferentes modalidades artísticas: artes plásticas,
música, cinema, teatro, dança. O vasto repertório de Yoko Ono acabou se alinhando de fato a essa proposta, seja por sua versatilidade em
diferentes meios de produção, seja pela maneira instigante com que
sempre convidou o público a interagir e mesmo a finalizar
a obra de arte. No final dos anos 60, Ono conheceu John Lennon,
um dos principais vocalistas dos Beatles, e a inicial parceria entre os dois artistas culminou, por fim, em um duradouro (e polêmico)
relacionamento. Ao longo dos anos 70, Ono e Lennon investiram num
expressivo experimentalismo musical, bem como em instalações,
vídeos e performances de cunho conceitual – alguns destes relacionados à causa pacifista. Após o assassinato de John Lennon em 1980, Yoko Ono prosseguiu com sua carreira musical solo mais seus outros trabalhos envolvendo instalações conceituais e artes
plásticas.
Pensando uma relação com a causa feminista, o repertório
de Yono Ono destaca-se por pontuais vídeos, performances e canções que abordam, sobretudo, a questão do corpo feminino. Nestes trabalhos temos tanto a manifestação de um desejo de libertação 
desse corpo frente aos moralismos e tabus, como no vídeo “Freedom”, quanto a exposição do assédio agressivo que ele sofre no momento em que se encontra mais vulnerável ou exposto, como na renomada “Cut Piece” (performance em que, dispondo-se imóvel e neutra no centro de um tablado, a artista convidava os integrantes da plateia a subirem ao
palco e cortarem um pedaço de suas roupas cada um). Yoko Ono
também não deixou de se tornar mais um símbolo da hostilização à
mulher como criadora artística, ao ter o conjunto de sua obra desvalorizado devido ao relacionamento com John Lennon. Tornando-se um bode expiatório para o polêmico fim do conjunto musical dos Beatles, a artista até hoje carrega tal estigma, a ponto de toda sua história e legado serem praticamente desconhecidos em face a esse único episódio. Entretanto, a “maldição dos Beatles” ainda não impede Yoko Ono de se afirmar como uma artista autêntica e jamais limitada à sombra de John Lennon – basta lembrarmos que antes de conhecê-lo, ela já se estabelecia como expressiva representante de uma vanguarda revolucionária.