Rosana Paulino (1967-)
Rosana Paulino nasceu no ano de 1967, no bairro Freguesia do Ó, da cidade de São Paulo (aonde vive até hoje).Renovada gravadora, fez estágio no Ateliê de Restauro de Obras de Arte em suporte de papel do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) entre os anos de 1993 e 1995, além de frequentar, em 1994, a oficina livre de gravura no ateliê do Museu Lasar Segall. Em 1995, tornou-se bacharel em Gravura pela Escola de Comunicação e Artes da USP, e em 1998 especializou-se em gravura pelo London Print Studio, em Londres, por intermédio da Bolsa APARTES/CAPES.Por fim, entre os anos de 2006 e 2008, Rosana foi bolsista do Programa Bolsa da Fundação Ford, e em 2012 ainda fez uma residência no Tamarind Institute – Universidade do Novo México, Albuquerque, EUA – com apoio do Departamento de Estado Norte-americano. Atualmente, ela é doutoranda em Artes Plásticas
pela ECA/USP. Já participou de diversas exposições no Brasil,
assim como nos EUA, Chile, Bélgica, Holanda, Portugal e Espanha.
O trabalho de Rosana Paulino possui como principal temática as
diversas hostilidades contra a mulher negra no Brasil. Além da
opressão de gênero, portanto, a artista igualmente trabalha com
a problemática do preconceito racial, bem como com as demais
intolerâncias relacionadas a uma desigualdade social e mesmo
cultural e artística. De suas obras, destaca-se, primeiramente, a
criação de imagens altamente expressivas a partir da manipulação
de objetos do cotidiano – e sobretudo os vinculados ao âmbito
doméstico e associados, por consequência, a uma atividade
feminina (a artista trabalha, em especial, com instrumentos
ligados a costura, como linhas, tecidos e bastidores). Desse modo,
Rosana Paulino alinha-se a uma tendência da arte feminista (e mesmo da arte contemporânea como um todo) de se apropriar de
objetos e feituras artesanais (e neste caso, tidos como “essencialmente femininos”) para subverter, contestar ou provocar um cânone de produção artística mais os discursos e hierarquias latentes a esse cânone (e nessa tendência temos desde os trabalhos de artistas internacionais como Judy Chicago e Miriam Schapiro, 
até as produções de artistas brasileiros como Lina Mena Barreto e Anna Maria Maiolino).Rosana Paulino também é associada a outra recente tendência artística (denomina story art) que preza pela articulação entre uma crítica social e histórica e uma experiência altamente subjetiva. A artista, no caso, alimenta-se de sua própria vivência como mulher negra e oriunda de uma família de poucos recursos para a formulação de críticas bastante incisivas às históricas estigmatizações e hostilidades contra o universo feminino e negro – e nisso temos desde a abordagem da agressão doméstica, em obras como a célebre série “Bastidores”, até uma reflexão sobre
a imposição de padrões de beleza às garotas negras,
como em “Baile”. Nisso, além de um genuíno ato de protesto
vinculado a uma memória, temos uma efetiva ação de
empoderamento artístico: em uma história da arte brasileira
na qual a mulher negra é abordada majoritariamente por
artistas homens ou, quando mulheres, brancos, com Rosana
Paulino temos a efetiva manifestação dessa mulher negra e sua
afirmação como contundente e expressiva artista.
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