terça-feira, 24 de novembro de 2015

Judy Chicago (1939)

Judy Cohen nasceu no ano de 1939 na cidade de Illinois,             
EUA. Com formação na Art Institute of Chicago e na University                       
of California, Los Angeles (UCLA), Judy passou a produzir suas
primeiras pinturas e esculturas já nos anos 60, atendendo,
primeiramente, a uma estética abstrata e minimalista
(conforme as principais tendências artísticas da época).
Entretanto, ao longo desta mesma década, seu trabalho foi se tornando, além de mais expressivo e pessoal, gradativamente menos abstrato e mais figurativo, a partir, sobretudo, da frequente evocação de símbolos e formas relacionados ao corpo feminino. Já no final dos anos 60, os trabalhos da artista encontram-se explicitamente vinculados ao feminismo, e esta nova fase tem seu marco simbólico
na escolha de Judy em ter um novo sobrenome, não vinculado
ao seu pai ou ao seu novo marido: ela agora passaria a se chamar Judy Chicago. Dos anos 70 em diante, a artista dedicou-se a uma série de expressivas instalações e projetos, a maioria dos quais
fortemente engajados na causa feminista – e o mais famoso
deles é “The Dinner Party”, instalação que homenageia e celebraChicago 2.jpg
importantes personalidades (ou mesmo entidades) femininas da
história da sociedade ocidental. E além de seus trabalhos como artista, Judy Chicago dedicou-se a programas educativos voltados ao incentivo e ao aprimoramento da aprendizagem feminina em produção artística,haja vista as condições ainda desiguais enfrentadas pelas mulheres no âmbito das artes. No início dos anos 70, ela mais a artista Miriam Schapiro fundaram na CalArts o primeiro programa acadêmico feminista, denominado Feminist Art Program – o qual, anos mais tarde, resultaria na criação da Womanhouse, famosa instalação e espaço de performance, dedicado à expressão artística feminina. Judy Chicago também se envolveu na fundação de instituições como a Through the Flower.

Judy Chicago destaca-se, portanto, por seu engajamento ao
devido reconhecimento da expressão artística e intelectual
feminina, em um sistema que ainda reflete a mentalidade de
uma sociedade patriarcal para a qual as mulheres não possuemChicago 3.jpg
as mesmas faculdades criativas que os artistas masculinos. Em sua
própria filiação com o figurativismo, nos anos 60, a artista já assumia
tal ativismo: em oposição a uma arte abstrata e minimalista, valorizada        
por uma classe intelectual majoritariamente masculina, Chicago abraça a figuração, evocando, inclusive, a imagem-tabu da genitália feminina,
tão rejeitada por uma produção artística ainda majoritariamente
voltada ao falo. Em trabalhos como “The Dinner Party”, Chicago
reage, portanto, à própria opressão de gênero recorrente no espaço
acadêmico, afirmando e celebrando o vasto legado intelectual,
criativo e cultural deixado por tantas mulheres ao longo da história – e
em outras de suas obras, a artista ainda valorizaria produções
artesanais e domésticas, como o bordado e a costura, historicamente
associadas à manufatura feminina e desvalorizadas justamente
por essa autoria. A produção e legado de Judy Chicago volta-se, desse
modo, à violência promovida pela própria história da arte (e, por consequência, pelo mercado de arte) em relação ao repertório igualmente valoroso de tantas mentes criativas, sensíveis e inteligentes.

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